Libertação


Passei a vida
Acariciando quimeras
Fruto da minha imaginação.

Um dia, desiludida,
Achando-me ferida,
Tranquei meus sentimentos
E indagações no coração.

Pudera!
Tentava, assim, preservá-los
Da poluição exterior
E da contaminação
Decorrente da inversão dos valores.

Muitos anos haviam se passado
Quando retornei ao refúgio
Onde jaziam, aprisionados,
Os meus sentimentos...

E abrindo a comporta
Libertei as mágoas
E, com elas, as emoções represadas
Que estuaram felizes... livres!

E as palavras reprimidas
Na garganta, sem expressão,
Pelo pranto, emudecidas,
Foram colhidas... como se colhem flores.

E as flores plantadas
No jardim das minhas quimeras
Transformaram-se em frutos,
Fruto da minha imaginação.