Ressurreição
Era madrugada,
A parte mais escura da noite.
Aos poucos, nossos olhos foram se acostumando
E, juntos, notamos argêntea claridade.
Na pureza arrebatadora do céu,
O escuro matiz da sua abóboda
Confundia-se em suaves gradações
Com a cor das águas cinzentas,
Na linha do horizonte.
O mar rugia, em dores de parto!
Aos poucos, vimos, surgindo
Do ventre do mar, nascendo
Qual imensa esfera de fogo, o Sol!
Meu Deus! Que portentosa visão!
E nós, na praia
Com a natureza integrados,
Ouvimos a Sinfonia da vida...
No som sibilante do vento,
No farfalhar das folhas, no coqueiral,
No marulhar das ondas,
No coro dos pássaros
Que entoavam singelas canções
... E no rufar dos nossos corações!
Vimos, então, o céu se inclinando,
Para, em seu manto, acolher,
Num gesto de amor maternal,
O astro-rei, a renascer...
E o infante, agradecido, a faiscar,
Refletia-se em milhões de facetas,
Na imensidão do mar.
Inebriados de felicidade,
Agradecemos ao Senhor da Criação,
E, de mãos dadas, eu e meu filho
Elevamos a Deus uma oração.