Meu Tesouro


Baixo, forte, acaboclado,
Era o nosso professor
De matemática e desenho
Naquele ginásio do interior.

Trazia no rosto
Traços inesquecíveis;
Testa larga, fala mansa, olhar firme!

Quando o calouro chegava
Depois de haver passado
Pelo exame de admissão

Era logo avisado,
Pelos mais adiantados:
“É preciso ter cuidado
Matemática é puxado!”

Pobre de mim!
Que durante todo o primário
Fora mais afeiçoada ao português!

Mas o tempo foi passando
E muito cedo entrevi
Sob aquele olhar carrancudo
Uma criatura adorável.

Poeta nas horas vagas
Tinha os olhos brilhantes
E ar sorridente – e convincente!
Quando estava feliz...

Guardo dele uma lição
De clara advertência:
“Desta vida o que se leva
É o saber”

Nessa humílima página
Vai a minha homenagem
Ao querido professor Altino
(De saudosa memória)

E a todas as pessoas
Que ao passarem pelo meu caminho
Colocaram um pouco do seu saber,
Como se moedas fossem,

No pequeno mealheiro
Da minha memória – meu tesouro!

E hoje, poeta nas horas vagas,
Trago os olhos brilhantes
E ar sorridente – e convincente!
Quando estou feliz...

E estou!