Reunidos num mesmo cenário,
Eu vi um músico e um pintor
Que extasiados, contemplavam o pôr-do-sol...
Após alguns instantes, munido de tintas e pincel,
O pintor assentou sobre o cavalete uma tela.
E desdobrando as formas,
Na mistura sem fim das linhas e das cores,
Na sua tela registrou um breve momento
Da beleza e paz exterior.
O músico, então, tocado
Nas fibras do coração,
Seu violino empunhou
E do mesmo extraiu som divinal...
Que, brotando da sua alma,
Ecoou no caudal do infinito...
Quando o pintor terminou o seu quadro,
Em algum canto o deixou solitário,
Separado dos toques de amor
Das mãos que o criaram.
Mais tarde, o músico também se foi
E com ele a sua música
Jungida em eterna união
Com a vida e alegria do seu Criador.
À noite, no leito deitada,
Senti a dança da vida
No meu pulsante coração.
E os milhões de átomos vivos
Do meu corpo semi-adormecido
Ainda vibravam afinados,
Pelo pensamento, sintonizados
Com o som da Criação.
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Nota da autora: poema inspirado em texto de Tagore.