Redenção
Ávido de prazeres sorveu,
Até o último gole, a taça
Amarga da intemperança.
Prostrou-se um dia, cansado,
E, como estava ébrio, não viu
A figura sutil ao seu lado.
Era o amor...
– Infeliz, chorou!
Sofregamente, buscou compensação
Em amealhar teres e haveres
Que o escravizaram...
E como estava obcecado
Novamente não viu, ao seu lado,
A lhe chamar atenção, o amor...
– Arrependido, chorou!
Quando o pranto secou,
O anjo da noite o encontrou,
Desaparecido dentro de si...
Para, em seguida, emergir,
Trazendo n’alma um resto de morte,
No corpo, um resto de vida...
E no coração, o desejo
De recomeçar...
Para fruir do amor
Que estava a lhe esperar...
– Esperançoso, sorriu!